Varejistas do setor de vestuário expandiram os negócios durante a pandemia para se adaptarem à realidade de lojas fechadas e pessoas não saindo de casa. A solução foi vendas online, tendência que não sairá de moda. O uso das redes sociais, tanto para divulgação, quanto para vender diretamente, também foi um grande aliado dos empreendedores, de pequeno, médio e até grande porte.
Antes da pandemia, o comércio eletrônico representava 9,2% das vendas do varejo brasileiro, segundo a FGV. Em junho de 2021, essa participação chegou a 21,2%. O estudo é baseado nos resultados de 745 empresas de diferentes segmentos.
Fernando Lackman, conselheiro da Câmara de Economia Criativa da Fecomércio, explica, em entrevista para o Correio Brasiliense, que a mudança para o digital veio para ficar. “O on-line foi um grande ‘boom’ durante a pandemia. As pessoas sabiam da importância da venda pela internet, mas ficavam acomodadas”, afirma. “Com a necessidade, os lojistas migraram para o on-line. O que foi bom e ruim para o setor, pois muitos não tinham uma formação para ter um canal de vendas na internet. Foram fazendo as coisas meio que na louca. Então, tiveram marcas que colocavam o produto para venda, mas não explicavam a peça. Por outro lado, aproximou o relacionamento entre lojista e cliente”, destaca Lackman.
Mas nem tudo foi tão fácil. Mais de 70% das empresas que atuam no setor de moda tiveram uma queda no faturamento no início da pandemia. O setor, no primeiro momento não era prioridade da população. Os profissionais tiveram que ser bastante criativos para se reinventar e atrair esse público.
E-commerce em alta
De acordo com dados do índice MCC-ENET, resultantes de uma parceria entre a Companhia Compre & Confie e a Câmara Brasileira da Economia Digital, o setor de vendas do mercado on-line brasileiro cresceu 20,56%, em janeiro de 2022, em relação ao mesmo período do ano passado. No mesmo período, o ramo de moda movimentou R$ 63,7 milhões, considerando apenas o desempenho de pequenas e médias empresas.
Outro dado interessante foi o levantado pelo Melhor Envio, plataforma de gestão de fretes do Grupo Locaweb, o setor de moda é maior, em número de produtos comercializados entre os meses de janeiro e novembro de 2020, com 1,8 milhão de itens vendidos no período. A pesquisa ainda mostrou que o segmento de moda foi o que mais cresceu em 2021.
Uma das razões para esse crescimento, além do impulsionamento digital ocasionado pela pandemia foi a redução dos valores de frete. Uma corrida entre os principais marketplaces e lojas virtuais. A ampla concorrência fez que o preço caísse, em média, de R$ 30,11 para R$ 27,23, em 2020.
Antes da pandemia, um dos maiores medos dos consumidores que compravam online era de devolver ou trocar o produto. Várias empresas conseguiram melhorar a experiência do usuário nesse quesito, ampliando o prazo e facilitando a devolução do produto.
Redes sociais como ferramenta para o segmento de Moda
Segundo a Revista Exame, o mercado de moda é o setor que mais interage em ações digitais (25%). Não basta apenas criar perfis nas principais redes sociais e apenas criar posts sobre os produtos oferecidos. As estratégias em marketing digital são de extrema importância para otimizar a sua empresa e criar um vinculo com seu público.
A avaliação de tendências é crucial para a empresa se tornar sempre competitiva no mercado e para não repetir estratégias que não deram certo. A identificação do seu público-alvo é um dos primeiros passos para construir um legado no meio online. Com ferramentas e analises certas, você consegue falar com quem tem interesse no seu segmento, facilitando a conversão de leads.
O planejamento do conteúdo tem que ser estudado detalhadamente. Uma boa estratégia de gerenciamento de redes sociais não significa que o seu negócio de moda precise estar presente em todas as redes sociais. O seu conteúdo deve ser rico e direcionado para melhor atrair os usuários.
Em paralelo ao planejamento de conteúdo, construir uma identidade visual, caso você não tenha, é indispensável e significa gravar na mente do seu consumidor, de maneira instantânea e eficaz, qual é o objetivo do seu negócio de moda. A análise de métricas é o ultimo passo, entender o que deu certo e o que não deu, compreender o seu público para traçar uma estratégia mais assertiva e ainda otimizar os resultados para os meses seguintes.
E o futuro?
A indústria da moda é o segmento de maior faturamento global no e-commerce B2C (direto ao consumidor). De acordo com o Valor Investe, as vendas no varejo chegam a US$ 252 bilhões por ano, com média de crescimento anual de 11,4%, e expectativa de faturamento de US$ 1 trilhão em 2025.
O WGSN, maior bureau de pesquisa de tendências do mundo, publicou recentemente uma pesquisa projetando novos modos de consumo para 2022 e adiante. Tendências e transformações no comportamento social que a agência havia previsto para ocorrerem ao longo da década, foram aceleradas pela pandemia e ocorreram em questão de semanas.
Como resultado, as mudanças no consumo também foram aceleradas e a indústria da moda está tendo que fazer verdadeiros malabarismos para se adaptar tão rapidamente. É preciso muita criatividade e resiliência.
De acordo com a pesquisa, 2022 marca o início da década conectada. Já somos bastante conectados no quesito de informação, porém o diferencial desta década será o contágio emocional digital.
A partir deste ano, consumidores valorizarão mais que nunca marcas e personalidades que transmitam sentimentos autênticos. Em seguida, a pesquisa definiu três tipos de novos consumidores: os Estabilizadores, os Comunitários e os Novos Otimistas. Os Estabilizadores sentem-se sobrecarregados e exaustos, portanto, prioriza a estabilidade, a tranquilidade e a praticidade. Já os Comunitários tendem a ser pessoas solidárias, conscientes, ambientalistas e workaholics equilibradas, que muitas vezes abandonaram centros urbanos em busca de maior qualidade de vida. Fechando a trinca, os Novos Otimistas são ativistas.